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Solange Valladão

Carcaças

Atualizado: 25 de jan.

No início de agosto deste ano, postei no Facebook um poema/manifesto inspirada em uma foto que fiz na Ladeira da Montanha, no Centro Histórico de Salvador. A Montanha (como chamamos) é uma rua que só tem construções abandonadas e carcaças de prédios semi-ocupadas onde, aparentemente, é possível morar, trabalhar, ou fazer estacionamento. Elas dão uma dimensão contundente do trato com a história da cidade. Formada por gente indígena, negra e mestiça que, com seu trabalho (escravizado e depois mal pago) produziu e sustentou a riqueza do Centro da cidade durante seu auge econômico. Os indígenas foram os primeiros afastados/eliminados do centro urbano que se consolidava entre os séculos XVIII e XIX. Os demais, só tiveram acesso a esse espaço depois de sua decadência, quando, no início do século XX, os beneficiários dessa riqueza social (grande proprietários rurais), resolvem buscar novas formas de acumulação de riqueza, com as transformações urbanas da cidade, indo na direção das melhores oportunidades de ganho com o mercado imobiliário à reboque dos investimentos públicos em infraestrutura (vias públicas, eletricidade) para expansão urbana.

O poema manifesto foi esse:

Carcaças de alvenarias do passado, sustentadas por estruturas de ferro do descaso, da especulação

No mesmo dia que postei, com o olhar sempre atento o Reverendo T Aka Tony Lopes. O Belo (como o chamo devido a minha cultura cinematográfica italiana rs) que é músico, poeta, pai, esposo, empreendedor cultural, cantor, desenhista, videomaker, cronista, musicalmente enciclopédico e otras cositas mas... viu o texto e, poucos dias depois, fez uma música baseada no seu novo projeto musical, o DJ PsychoGod. (clica aqui para conhecer!). Uma observação: hoje, sabemos, quando alguém se manifesta com regularidade sobre suas postagens, pode ter certeza de que ela fura o ostracismo a que o Facebook as submete.

Voltando a música, para entrar melhor no crivo musical do DJ PsychoGog, o texto ganhou um "refrão" e ficou assim:

Carcaças de alvenarias do passado, sustentadas por estruturas de ferro do descaso, da especulação.
Sem memória Sem patrimônio Sem História



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